sábado, 4 de maio de 2024

Rapidinhas: O filho bonito, o filho feio e a transferência de culpa

Foto: Joá Souza/GOVBA

Davi Lemos

Camaçari e a BYD
A instalação da pedra fundamental da BYD em Camaçari, na Região Metropolitana, acabou virando pano de fundo para a disputa que se avizinha entre PT e União Brasil no município pela sucessão de Antônio Elinaldo em 2024. Provável candidato pelo petismo, o secretário de Relações Institucionais e ex-prefeito Luiz Caetano celebrou novos tempos para Camaçari. Aliados de Caetano dizem que a turma de Elinaldo torce para que a BYD seja uma nova JAC Motors; por sua vez, os governistas em Camaçari dizem que foram escanteados no processo para atrair a montadora chinesa que deve substituir a Ford no complexo automotivo. Ou seja, a produção de veículos elétricos e a geração de empregos importa menos que a definição do prefeito municipal no ano que vem. Aliás, é sempre assim.

Exportação da culpa
Na semana passada, o destaque foi a vinda de Flávio Dino (PSB), ministro da Justiça e Segurança Pública, que, como vem repetindo o governador Jerônimo Rodrigues (PT), tem jogado na conta da política armamentista do governo Bolsonaro na culpa pela explosão da violência devido a ação do crime organizado na Bahia. A política realmente não surpreende: o filho bonito, hoje chamado de BYD, é recebido com festa, mas o filho feioso, o caos na segurança pública, ainda que seja facilmente constatável que a violência vem crescendo desde meados da década passada, é posto na conta de terceiros. Ao mesmo tempo que atrai investimentos, exporta culpa. Até quando o assunto vai colar?

Novo embate
O presidente estadual do PL, João Roma, vem trabalhando para formar uma chapa competitiva para eleger entre quatro e cinco vereadores em Salvador. Apesar de ainda afirmar que é pré-candidato a prefeito, a tendência é que o PL vitamine a campanha de reeleição de Bruno Reis: o foco, então, é a chapa proporcional. Nela devem estar nomes como Cézar Leite, o ex-prefeito João Henrique, a ex-vereadora Lorena Brandão, o capitão da PM, André Porciúncula, e o vereador Alexandre Aleluia. A chapa pode reeditar um embate particular entre Aleluia e Porciúncula: ambos foram candidatos a deputado federal em 2022 e, conforme análises daquele período, um prejudicou o outro na disputa por uma vaga na Câmara dos Deputados.

Caminho livre em Lauro
Em Lauro de Freitas, a oposição à prefeita Moema Gramacho (PT) pode não encontrar um consenso para definir um candidato único das oposições e isso pode ser um elemento facilitador para que a petista consiga indicar e eleger um sucessor. Mateus Reis, Teobaldo Costa (União), João Leão (PP) e o deputado estadual Leandro de Jesus (PL) são nomes que surgem na oposição; mas um integrante da oposição na cidade vizinha à capital teme que vaidades dificultem uma estratégia para bater o candidato de Moema. “Aqui em Lauro, ninguém da oposição pode pensar que é a última bolacha do pacote. É um turno só. Se for desunido, dividem os votos e não venceremos o candidato de Moema, que terá apoio do governador e de Lula”, comentou um oposicionista.

Explosão em Jequié
Marcou a semana a explosão do deputado federa Antônio Brito (PSD), em Jequié, que esbravejou com a presença do prefeito Zé Cocá ao lado de Jerônimo Rodrigues. A tendência é que Cocá, que apoiou ACM Neto e os Leões em 2022, retorne para o grupo de apoio ao petismo. Mas dizem que o fator Cocá não foi a única causa para o destempero do parlamentar. “Ele queria ser candidato em Salvador e o jogo para ele desistir foi pesado. Até disseram que tinha dossiê. Ali foi a gota d´água. E essa história de ele ser candidato à Presidência da Câmara nem é prêmio de consolação. Acho que nem Otto acredita nisso”, comentou um governista.

Nos bastidores
Em todo o interior da Bahia, o clima já é eleitoral. Não nos enganemos. Em Itaberaba, por exemplo, comenta-se que os ex-gestores Washington Neves e João Filho, ambos conhecidos como os prefeitos que destruíram a Santa Casa de Misericórdia, hoje Hospital Jadiel Mascarenhas, vão voltar a comandar a instituição. Ora, Washington destruiu e João fechou. A oposição à dupla em Itaberaba esperava uma intervenção do governador Jerônimo Rodrigues, mas enxergam que pode não haver mudança de planos devido à influência de Rui Costa e Otto Alencar no processo. Neves e Filho ainda podem formar uma dobradinha para 2024.

Difícil unidade
Em Salvador, até pode haver o anúncio de um nome da oposição, mas o entrave ainda é conseguir unir toda a esquerda a um candidato que não seja de PT, PCdoB ou PV, que compõem a Federação. O nome provavelmente será o de Geraldo Júnior, vice-governador da Bahia e ex-aliado do grupo que administra a capital. “O problema é saber se a esquerda vai correr atrás de voto por Geraldo Júnior. Pode acontecer de cada partido da base do governador ir buscar eleger seus vereadores e deixar o candidato a prefeito em segundo plano”, comentou um oposicionista na capital.

09 de outubro de 2023, 19:31

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