Rapidinhas: Quem manda e quem só esperneia no PT, o PL mais liberal e menos bolsonarista
Davi Lemos
Quem manda
O recado do senador Jaques Wagner para Jerônimo Rodrigues foi visto como um ultimato para a definição pelo grupo governista sobre o nome que disputará as eleições de 2024 contra Bruno Reis em Salvador, que tentará a reeleição na Prefeitura de Salvador. A fala do petista, em entrevista à Rádio Metrópole, nesta segunda-feira (10), ainda serviu como demarcação sobre quem define o candidato do grupo na capital: o governador. A ideia do Galego é que o nome já deveria estar na rua; um petista ouvido por esta coluna na tarde desta segunda complementou: “já era para estar no 2 de Julho, aproveitando toda a atenção para o bicentenário da independência. Como se diz no popular, ‘demos mole'”.
Quem só esperneia
Os gritos do Diretório do PT em Salvador por uma candidatura própria do partido na capital entraram no rol, após a fala de Wagner, daquelas manifestações que foram postas em seu devido lugar. Parece que a força dos diretórios locais só foge da força do governador em outras cidades também importantes, como Vitória da Conquista e Feira de Santana, mas cuja simbologia não chega ao patamar daquilo que representa a capital para os petistas: a cereja do bolo. O confeiteiro Jerônimo irá bater o martelo nos próximos dias? A mesma fonte do PT diz que, em Salvador, quem manda é o governador. “Mas precisa ir rápido, pois Bruno continua correndo livre. Salvador não é a Bahia; aqui o grupo de ACM Neto ainda é muito forte”, destacou o petista.
Fome de quê?
Por falar em Neto, o ex-prefeito de Salvador resolveu, nesta segunda-feira (10), bater forte em uma das principais bandeiras do petismo: o combate à fome. Aliás, não no combate à fome, mas nos resultados alcançados pelas políticas empreendidas pelas gestões petistas na Bahia. ACM Neto escreveu: “Meio bilhão de reais. Esse foi o valor que o governo da Bahia desperdiçou e deixou de aplicar no combate à fome num estado que tem mais de 7 milhões de pessoas vivendo em situação de pobreza”. Só não mencionou que o avô dele foi o idealizador do Fundo de Combate à Pobreza que deu origem ao Fome Zero, ação realizada no início do governo Lula.
Voto contrário
O voto do deputado federal Otto Alencar Filho (PSD) contra a manutenção dos incentivos para a instalação da BYD em Camaçari caiu como uma bomba na bancada governista, agravado também pelo fato de ter sido decisivo, uma vez que o destaque que retirou os benefícios precisava de 308 votos, mas só teve 307. O prefeito de Camaçari, Elinaldo Araújo (União Brasil), que tentará fazer o sucessor contra, provavelmente, Luiz Caetano, disse que o PT baiano provou de seu próprio veneno: “Lá no início dos anos 2000, quando nós conseguimos aprovar uma série de incentivos para a vinda da Ford para a Bahia, o PT em massa votou contra, inclusive na época o então deputado federal Jaques Wagner foi contra”, recordou Elinaldo. O estrago, entretanto, pode ser desfeito no Senado.
Afastamento?
As peças veiculadas a partir desta segunda-feira (10) pelo PL trouxeram um tom menos bolsonarista e mais liberal (leia-se, vinculado ao Partido Liberal). As falas dos membros do partido, como o deputado Jonga Bacelar, que nunca foi bolsonarista de carteirinha e já busca aproximação com o atual governo, mencionam “governo do PL” e como o partido transformou a realidade brasileira. O único que mencionou o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro foi o deputado federal Capitão Alden, ao citar que, na gestão Bolsonaro, foi reduzido o índice de homicídios. Essa é a tendência: ser cada vez mais PL e menos bolsonarista.
Tarcisismo
Representante de ala mais ‘fiel’ do bolsonarismo baiano, em contato com esta Rapidinhas, comentou que o presidente estadual da sigla, João Roma, não pode se deixar contaminar pelo “tarcisismo”. Roma, nas declarações que tem feito, inclusive nas costuras eleitorais que comanda à frente do PL na Bahia, diz que só conversa com quem for oposição ao PT na Bahia e no Brasil. Ele, entretanto, disse que não cabe contra Roma o mesmo processo de avaliação de “direitismo” que bolsonaristas, em nível nacional, querem impôr a Tarcísio. O governador teve atritos com o ex-presidente da República após conversar com o ministro Fernando Haddad (Economia) e demonstrar que seria favorável à aprovação mais célere da proposta de Reforma Tributária.
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, durante entrevista.
Abacaxi
O prefeito Bruno Reis, na última sexta-feira (7), descascou um abacaxi enquanto anunciava intervenções viárias na região da Rótula em Salvador, que devem resolver os problemas na região da capital. Bruno, entretanto, se corre ainda livre na disputa pelo Thomé de Souza, ainda precisa lidar com outros abacaxis: os republicanos e os tucanos. Tanto PSDB quanto Republicanos ainda se movimentam sem afirmar posição de apoio ao gestor da capital na eleição de 2024. Tanto tucanos quanto republicanos querem mais espaço; mas o poder de fogo do prefeito é muito menor que o de Jerônimo, que tem cargos para negociar em toda a Bahia.
